Deodata a dada por Deus
A voz grave e a figura imponente ainda continuam as mesmas, mas o desabafo de que ficar parada é duro revela que essa mulher ainda tem muita energia para gastar. Ela continua ‘brava’ no sentido de guerreira, ávida por ir atrás das coisas e um pouco melancólica por não estar exercendo nenhuma atividade. Deodata fez história. Em 1983 foi a primeira vereadora eleita em Araraquara. Em 88 e na década de 90, respectivamente, foi reeleita. No governo Massafera foi secretária da Promoção Social até 96. Para Deodata (PMDB), ser eleita em 83 teve um sabor muito especial. “Foi uma grande vitória, porque vivíamos no meio do machismo. Tivemos outras mulheres candidatas, mas com a minha eleição, me senti representando todas as mulheres de Araraquara. Procurei realizar um trabalho bem consciente e saber o que estava fazendo na Câmara”. Ela que sempre foi de abraçar causas nobres revela que até poderia voltar a trabalhar caso lhe oferecessem alguma coisa, mas que não pretende mais se candidatar,pois as coisas agora estão muito diferentes. Ela conta que nasceu em Cravinhos, mas aos sete anos veio morar em Araraquara. “Como morava em fazenda, fui interna no Colégio Progresso durante muitos anos. Depois de casada continuei meus estudos”. Em todos esses anos, Deodata diz que nunca foi tratada com discriminação pelo fato de ser mulher. “Eu me misturo no meio deles. No meu trabalho como política nunca sofri nenhum tipo de discriminação. Pelo contrário, sempre fui muito respeitada”. Acredita que a mulher diariamente deve olhar nela mesma para poder se gostar e gostar do que faz. “Gostar dos filhos, do marido, da casa e procurar junto à população (no caso da política) mostra aquilo que você sente. Tem dia que temos que pensar o seguinte, apesar de todos os pesares, se tivermos um sorriso nos lábios, levamos em frente qualquer coisa, principalmente, pensando em Deus, pois tudo que nos leva é Deus. Por isso, é necessário ter muita força de vontade de para ajudar as pessoas”. Deodata já recebeu diversas homenagens, a última foi no Sesc, no Dia da Mulher. Deodata Leopoldina Toledo do Amaral, ou melhor, Deodata do Amaral, Sempre trabalhou com a população, desde 1954, quando era funcionária da USP no Serviço Especial de Saúde. “Meu contato era direto com a saúde pública e isso fez com que a gente orientasse o povo. Estávamos percebendo que era preciso alguém para ‘cuidar’ de uma população que, naquela época, era muito pouco observada”, diz ela acrescentando que uma de suas áreas de atuação era o meretrício. “Quantas vezes não encontrava conhecidos por lá”, brinca. Quando se aposentou, em 78, foi convidada pelo prefeito da época, Clodoaldo Medina, para se filiar ao PMDB. “Disse-lhe que poderia sair pelo partido, mas lhe deixei bem claro que a cidade precisava de um cinturão de saúde e que somente o Serviço Especial de Saúde não era o bastante”. Conta que seu trabalho foi nos bairros periféricos, como o Jardim das Estações e Parque das Laranjeiras, onde não havia água nem esgoto e onde as crianças brincavam em águas fétidas. “Disse ao Medina que gostaria de fazer mutirões em convênio com o Daae e a população para a implantação de água e esgoto nesses bairros. Deu certo”. Para esse trabalho ela não poupou sábado, domingo ou feriado. E Deodata sempre contou com o apoio da família. “Meus filhos compreendiam. Se eu não tivesse o consenso da família, eu não entraria”. Ela se emociona ao lembrar-se dessa época quando ficou conhecida como a mãe dos pobres e chora comovida.
A voz grave e a figura imponente ainda continuam as mesmas, mas o desabafo de que ficar parada é duro revela que essa mulher ainda tem muita energia para gastar. Ela continua ‘brava’ no sentido de guerreira, ávida por ir atrás das coisas e um pouco melancólica por não estar exercendo nenhuma atividade. Deodata fez história. Em 1983 foi a primeira vereadora eleita em Araraquara. Em 88 e na década de 90, respectivamente, foi reeleita. No governo Massafera foi secretária da Promoção Social até 96. Para Deodata (PMDB), ser eleita em 83 teve um sabor muito especial. “Foi uma grande vitória, porque vivíamos no meio do machismo. Tivemos outras mulheres candidatas, mas com a minha eleição, me senti representando todas as mulheres de Araraquara. Procurei realizar um trabalho bem consciente e saber o que estava fazendo na Câmara”. Ela que sempre foi de abraçar causas nobres revela que até poderia voltar a trabalhar caso lhe oferecessem alguma coisa, mas que não pretende mais se candidatar,pois as coisas agora estão muito diferentes. Ela conta que nasceu em Cravinhos, mas aos sete anos veio morar em Araraquara. “Como morava em fazenda, fui interna no Colégio Progresso durante muitos anos. Depois de casada continuei meus estudos”. Em todos esses anos, Deodata diz que nunca foi tratada com discriminação pelo fato de ser mulher. “Eu me misturo no meio deles. No meu trabalho como política nunca sofri nenhum tipo de discriminação. Pelo contrário, sempre fui muito respeitada”. Acredita que a mulher diariamente deve olhar nela mesma para poder se gostar e gostar do que faz. “Gostar dos filhos, do marido, da casa e procurar junto à população (no caso da política) mostra aquilo que você sente. Tem dia que temos que pensar o seguinte, apesar de todos os pesares, se tivermos um sorriso nos lábios, levamos em frente qualquer coisa, principalmente, pensando em Deus, pois tudo que nos leva é Deus. Por isso, é necessário ter muita força de vontade de para ajudar as pessoas”. Deodata já recebeu diversas homenagens, a última foi no Sesc, no Dia da Mulher. Deodata Leopoldina Toledo do Amaral, ou melhor, Deodata do Amaral, Sempre trabalhou com a população, desde 1954, quando era funcionária da USP no Serviço Especial de Saúde. “Meu contato era direto com a saúde pública e isso fez com que a gente orientasse o povo. Estávamos percebendo que era preciso alguém para ‘cuidar’ de uma população que, naquela época, era muito pouco observada”, diz ela acrescentando que uma de suas áreas de atuação era o meretrício. “Quantas vezes não encontrava conhecidos por lá”, brinca. Quando se aposentou, em 78, foi convidada pelo prefeito da época, Clodoaldo Medina, para se filiar ao PMDB. “Disse-lhe que poderia sair pelo partido, mas lhe deixei bem claro que a cidade precisava de um cinturão de saúde e que somente o Serviço Especial de Saúde não era o bastante”. Conta que seu trabalho foi nos bairros periféricos, como o Jardim das Estações e Parque das Laranjeiras, onde não havia água nem esgoto e onde as crianças brincavam em águas fétidas. “Disse ao Medina que gostaria de fazer mutirões em convênio com o Daae e a população para a implantação de água e esgoto nesses bairros. Deu certo”. Para esse trabalho ela não poupou sábado, domingo ou feriado. E Deodata sempre contou com o apoio da família. “Meus filhos compreendiam. Se eu não tivesse o consenso da família, eu não entraria”. Ela se emociona ao lembrar-se dessa época quando ficou conhecida como a mãe dos pobres e chora comovida.
Ser vereador
Para ela, que nunca se considerou assistencialista, ser vereador não é somente fazer lei e fazer o povo cumprir, se você não der um apoio ele não melhora nunca na vida e não é apoio em dinheiro, mas sim em orientação. Quando eu conseguia leite sempre exigia alguma coisa em troca, como por exemplo, a mãe cuidar melhor da criança”. Hoje aos 80 anos e prestes a completar 60 anos de casada, Deodata, mãe de 4 filhos: Zé Luiz, Lucia, Silvia e o professor da UNESP Luiz Augusto, que seguiu os caminhos da mãe na política saindo candidato a vereador em Jaboticabal (ficando como suplente) diz que na política está faltando muita coisa, principalmente, mais amor. “O político não pode ficar ali naquela dureza tem que ter coração se não, não faz nada”, diz a senhora que faz jus ao nome de batismo, cujo significado quer dizer: dada por Deus.
Homenagem
Homenagem
Teu nome já é especial: dada por Deus. Em nenhum momento duvidei disso, a cada instante em que saio na rua e converso com alguém, encontro suas construções. Não são construções mensuráveis em valor monetário, são de outros tipos. Construções que foram realizadas nas vidas de milhares de pessoas. Sei que não exagero pois quando digo quem é minha mãe as pessoas sempre contam alguma boa obra feita por você na vida delas. São construções que agradam a Deus, pois dão graças a Ele através da sua vida. Você é engenheira, arquiteta e decoradora de Deus. Engenheira eu vi quando participei de seus mutirões levando água a tantos bairros necessitados desta cidade. Várias vezes assisti a festa dos moradores quando finalmente a água chegava a essas casas. Engenheira de Deus, quando nas enchentes ,saia de madrugada depois de arrumar lonas e ajudantes cobria a casa dos necessitados. Arquiteta no planejamento destas obras, que realizou inspirada por Deus. Decoradora eu vi quando fazia brotar no rosto das pessoas um sorriso de alegria mesmo no dia a dia a tão sofrido. Aprendi com você, mãe, assistindo as pessoas te acolherem com sorrisos e abraços em qualquer lugar, e vendo a alegria mútua quando compartilhava um pouco da vida delas. Além disso, fez mestrado quando me acompanhou nas desconstruções e reconstruções da minha vida. É doutora em amor conseguiu no difícil ano de 2002, quando candidata a deputada estadual enfrentou comigo uma doença tão terrível, batalha da qual saímos vitoriosas, juntamente com mais duas doutoras em dedicação, D. Sinira e tia Minerva. Nesse ano você ficou como suplente ao cargo de deputada, mas foi empossada como a pessoa mais forte que conheci, pois ficou comigo nos dias mais difíceis que já enfrentei na vida e nem por um momento desanimou. Com você aprendi a amar meu filho com liberdade e alegria. Deodata – Dada por Deus – você foi a minha primeira casa, me traz grande felicidade e só quero que a luz de teus olhos continue a brilhar. Sempre. (Com honra e amor, Silvia, tua filha).
(Publicado em 12 de abril de 2009)
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