Edna Nogueira: o violino é a minha vida!
A violinista que se profissionalizou aos 18 anos diz que nunca vai se aposentar, pois a música na velhice é terapia
A violonista Edna Nogueira ministra aulas de violino e teoria musical desde 1939 e coordena a Orquestra Filarmônica Experimental da Uniara e o Conjunto Instrumental Feminino. No dia 2 de junho ela vai completar 90 anos. Conhecendo-a de perto a nossa admiração cresce a cada instante. Sem perceber vai fazendo com que a gente se sinta em casa. “Olha vai tomar café ali na cozinha. Olha vem olhar esse bordado que fiz. Nos fala de seus filhos, de seus netos, dos alunos como o dr. Abelardo e Leidi, que tiveram aulas de violino com ela. Ela também conta que plantou inúmeras árvores frutíferas e plantas em frente à sua casa. Fala de sua geléia especial de pinga e aos poucos vai nos contando sua vida, de seus projetos, de sua música. Ela nos mostra tudo. É uma mulher cheia de sentimentos fortes.
Diz que embora trabalhe com música nunca teve ganas de aparecer com ela. Vai nos falando timidamente das homenagens recebidas em forma de poesia ou de crônicas, como a do escritor araraquarense Ignácio de Loyola que um dia escreveu que Edna Nogueira era uma daquelas pessoas diante da qual temos vontade de nos ajoelharmos para que passe com sua simplicidade, talento e musicalidade. Que gente como ela ilumina uma cidade. Ele pergunta onde ela encontra tempo para fazer tudo o que faz e ainda por cima faz doces. Sim ele de fato sabe o que diz: é uma mulher de projetos, de sonhos e de alunos. Mas ela, apesar de conservar sua grande alegria de viver, guarda uma grande tristeza: a perda do marido João. “Ele era minha vida, meu amor, meu tudo”, diz acrescentando que foi único: namorado e marido.
Edna nasceu em Santa Rita do Passo Quatro, mas a família mudou-se para Araraquara quando ainda era menina. Quando era criança tinha vontade de ser pianista, mas naquela época os pais não podiam pagar. Então pegou o violino do irmão Teodoro Nogueira para estudar. Tanto que se formou professora de violino no Conservatório Musical de Araraquara em 1939. A partir daí ministrou aulas de violino. Vale lembrar que o irmão de Edna, Ascendino Teodoro Nogueira, falecido em 2001, além de violonista foi um grande compositor. Teodoro também é pioneiro no estudo técnico-musical da viola caipira. A violonista conta com entusiasmo que em 1998 implantou o projeto ‘Cantigas de Roda’, idealizado pelo irmão a quem chama de inteligente, Teodoro. “Eram quatro rodas infantis, com três músicas tiradas do folclore brasileiro. No projeto realizado junto com a Orquestra Infanto-Juvenil, foi criado um Coral Infantil que estreou em Araraquara. Depois nos apresentamos no Sesc em oito cidades. “Foi algo maravilhoso”, diz emocionada. “O que ainda espero? Continuar tocando até a hora da minha morte.”
Breve currículo
Edna, a valsa Ser mãe Música com sabor: violonista Edna Nogueira também é uma doceira de mão cheia Fotos: Leandro Pardine Edna formou a equipe de Canto Lírico antes de 1960. “As aulas aconteciam na minha casa e eram ministradas pelo maestro Ferry. Fizemos apresentações em vários recitais de ópera em várias cidades”. Em 1980, incansável, fundou a Orquestra de Câmara de Araraquara, com violinos, violas, violoncelos, contrabaixo e piano. “Em 1997, a Orquestra de Câmara passou a fazer parte da Uniara.”
Edna conta que o Reitor da Uniara, Luiz Felipe Cabral Mauro, foi um de seus alunos de violino. “Não seguiu por falta de vocação, mas sempre me abriu as portas para que a música entrasse. Primeiro foi no Ginásio São Bento. Depois na FEFIARA e por fim na UNIARA”. Em 2000 a violonista formou a Banda Uniara, com 45 jovens. No ano seguinte, criou a Orquestra Filarmônica Experimental da Uniara. Já em 2002 formou o Conjunto Instrumental Feminino Uniara, composto somente por mulheres. “Interpretamos músicas populares e internacionais.” No ano de 1995, em parceria com a Fundart (Fundação de Arte Cultura do Município de Araraquara), Edna apresentou juntamente com o coral ‘Prof. Lysanias de Oliveira Campos’ o Concerto Sinfônico da ópera, de autoria do compositor araraquarense maestro José Tescari, intitulada ‘O sacrifício de Abraão’.
Família
Edna Nogueira de Moraes Silveira é filha de José Teodoro e Vitalina. De seu casamento com o saudoso João nasceram: Luiz Carlos, José Eduardo e Cecília. Tem sete netos e duas bisnetas. Dois netos seguiram o caminho da música, a advogada Mariana e o psicólogo Ricardo, ambos violonistas.
Ela conta com orgulho de seus prêmios, como o diploma ‘Parceiros da Cultura’, por sua atuação no desenvolvimento de ações culturais e essenciais ao Estado de São Paulo. Também recebeu das mãos do ex-secretário municipal de Cultura, o diploma no dia da Confraternização Latino Americana em 2004. Recebeu da Câmara Municipal de Araraquara em 2003, o título de Cidadã Benemérita pela difusão da arte na comunidade.
Ser mãe
Para Edna Nogueira, mãe é como uma orquestra, se o regente não for bom, a família perece. É como uma orquestra bem afinada. A mãe tem que ser dona de casa, educar muito bem os filhos e colocálos numa profissão. Como eu sempre digo: se der um instrumento na mão de uma criança, esta não se desvia, por exemplo, para a droga. “Graças a Deus que as escolas estão com música no currículo”, diz aliviada elogiando também o Projeto Guri, que dá acesso musical aos mais carentes. Edna ainda continua bordando e crochetando para ajudar entidades assistenciais. São cachepôs, porta niquéis, marcadores de livros. Tudo de crochê. Para ela, o violino é a sua vida. “A vida inteira só toquei violino”.
Edna, a valsa
Edna Nogueira se diz emocionada com a valsa intitulada “Edna’ feita pelo compositor e grande poeta João Stromayer, a quem ela ensinou violino. Embora Edna tenha relutado, a valsa foi instrumentada para grande orquestra. Vai ser a música de homenagem aos seus 90 anos. “A música ficou belíssima”, diz feliz. Edna te conheci no concerto musical que a platéia a aplaudia uma valsa de Strauss. Amei ao me aproximar de ti. Foi grande a minha emoção De aprender tocar violino que é a minha paixão Com amor e carinho escrevi essa canção Saiu esta valsa bonita do fundo do coração Mas vai ficar saudade Aos alunos que você tão bem ensinou Deixando essas lembranças Do tempo que já passou Edna, a professora querida Muitos alunos passaram por ela.
(Publicado em 8 de maio de 2010)
Diz que embora trabalhe com música nunca teve ganas de aparecer com ela. Vai nos falando timidamente das homenagens recebidas em forma de poesia ou de crônicas, como a do escritor araraquarense Ignácio de Loyola que um dia escreveu que Edna Nogueira era uma daquelas pessoas diante da qual temos vontade de nos ajoelharmos para que passe com sua simplicidade, talento e musicalidade. Que gente como ela ilumina uma cidade. Ele pergunta onde ela encontra tempo para fazer tudo o que faz e ainda por cima faz doces. Sim ele de fato sabe o que diz: é uma mulher de projetos, de sonhos e de alunos. Mas ela, apesar de conservar sua grande alegria de viver, guarda uma grande tristeza: a perda do marido João. “Ele era minha vida, meu amor, meu tudo”, diz acrescentando que foi único: namorado e marido.
Edna nasceu em Santa Rita do Passo Quatro, mas a família mudou-se para Araraquara quando ainda era menina. Quando era criança tinha vontade de ser pianista, mas naquela época os pais não podiam pagar. Então pegou o violino do irmão Teodoro Nogueira para estudar. Tanto que se formou professora de violino no Conservatório Musical de Araraquara em 1939. A partir daí ministrou aulas de violino. Vale lembrar que o irmão de Edna, Ascendino Teodoro Nogueira, falecido em 2001, além de violonista foi um grande compositor. Teodoro também é pioneiro no estudo técnico-musical da viola caipira. A violonista conta com entusiasmo que em 1998 implantou o projeto ‘Cantigas de Roda’, idealizado pelo irmão a quem chama de inteligente, Teodoro. “Eram quatro rodas infantis, com três músicas tiradas do folclore brasileiro. No projeto realizado junto com a Orquestra Infanto-Juvenil, foi criado um Coral Infantil que estreou em Araraquara. Depois nos apresentamos no Sesc em oito cidades. “Foi algo maravilhoso”, diz emocionada. “O que ainda espero? Continuar tocando até a hora da minha morte.”
Breve currículo
Edna, a valsa Ser mãe Música com sabor: violonista Edna Nogueira também é uma doceira de mão cheia Fotos: Leandro Pardine Edna formou a equipe de Canto Lírico antes de 1960. “As aulas aconteciam na minha casa e eram ministradas pelo maestro Ferry. Fizemos apresentações em vários recitais de ópera em várias cidades”. Em 1980, incansável, fundou a Orquestra de Câmara de Araraquara, com violinos, violas, violoncelos, contrabaixo e piano. “Em 1997, a Orquestra de Câmara passou a fazer parte da Uniara.”
Edna conta que o Reitor da Uniara, Luiz Felipe Cabral Mauro, foi um de seus alunos de violino. “Não seguiu por falta de vocação, mas sempre me abriu as portas para que a música entrasse. Primeiro foi no Ginásio São Bento. Depois na FEFIARA e por fim na UNIARA”. Em 2000 a violonista formou a Banda Uniara, com 45 jovens. No ano seguinte, criou a Orquestra Filarmônica Experimental da Uniara. Já em 2002 formou o Conjunto Instrumental Feminino Uniara, composto somente por mulheres. “Interpretamos músicas populares e internacionais.” No ano de 1995, em parceria com a Fundart (Fundação de Arte Cultura do Município de Araraquara), Edna apresentou juntamente com o coral ‘Prof. Lysanias de Oliveira Campos’ o Concerto Sinfônico da ópera, de autoria do compositor araraquarense maestro José Tescari, intitulada ‘O sacrifício de Abraão’.
Família
Edna Nogueira de Moraes Silveira é filha de José Teodoro e Vitalina. De seu casamento com o saudoso João nasceram: Luiz Carlos, José Eduardo e Cecília. Tem sete netos e duas bisnetas. Dois netos seguiram o caminho da música, a advogada Mariana e o psicólogo Ricardo, ambos violonistas.
Ela conta com orgulho de seus prêmios, como o diploma ‘Parceiros da Cultura’, por sua atuação no desenvolvimento de ações culturais e essenciais ao Estado de São Paulo. Também recebeu das mãos do ex-secretário municipal de Cultura, o diploma no dia da Confraternização Latino Americana em 2004. Recebeu da Câmara Municipal de Araraquara em 2003, o título de Cidadã Benemérita pela difusão da arte na comunidade.
Ser mãe
Para Edna Nogueira, mãe é como uma orquestra, se o regente não for bom, a família perece. É como uma orquestra bem afinada. A mãe tem que ser dona de casa, educar muito bem os filhos e colocálos numa profissão. Como eu sempre digo: se der um instrumento na mão de uma criança, esta não se desvia, por exemplo, para a droga. “Graças a Deus que as escolas estão com música no currículo”, diz aliviada elogiando também o Projeto Guri, que dá acesso musical aos mais carentes. Edna ainda continua bordando e crochetando para ajudar entidades assistenciais. São cachepôs, porta niquéis, marcadores de livros. Tudo de crochê. Para ela, o violino é a sua vida. “A vida inteira só toquei violino”.
Edna, a valsa
Edna Nogueira se diz emocionada com a valsa intitulada “Edna’ feita pelo compositor e grande poeta João Stromayer, a quem ela ensinou violino. Embora Edna tenha relutado, a valsa foi instrumentada para grande orquestra. Vai ser a música de homenagem aos seus 90 anos. “A música ficou belíssima”, diz feliz. Edna te conheci no concerto musical que a platéia a aplaudia uma valsa de Strauss. Amei ao me aproximar de ti. Foi grande a minha emoção De aprender tocar violino que é a minha paixão Com amor e carinho escrevi essa canção Saiu esta valsa bonita do fundo do coração Mas vai ficar saudade Aos alunos que você tão bem ensinou Deixando essas lembranças Do tempo que já passou Edna, a professora querida Muitos alunos passaram por ela.
(Publicado em 8 de maio de 2010)
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