sexta-feira, 28 de janeiro de 2011


FOTO: JOÃO FERRAZ


André do Piston
Alegria contagiante faz com que eu vire um palhaço do piston


No dia 2 de fevereiro André do Piston completa 62 anos. Bem vividos, segundo ele. O músico conta que decidiu morar em Araraquara quando veio tocar no Baile do Carmo com a Orquestra Marajoara de Catanduva em 82. “Enquanto os músicos preparavam os instrumentos sentei na Praça da Matriz e fiquei olhando a cidade e pensei: nossa como é bom morar aqui. Em 1984, trazido por um médico da cidade, passei a morar em Araraquara e aqui estou até hoje”. Seu amor pela música nasceu no seio familiar, pois seu saudoso pai, o saxofonista Ivo Pascoal, tinha uma orquestra em Presidente Venceslau, a Columbia. Ainda menino se encantava ao ver o pai tocando. Quando tinha 12 anos o pai vendo seu interesse, o chamou e perguntou se queria aprender a tocar. Mas nesse momento houve a intervenção de uma mulher de personalidade forte: a mãe de André, Izete. A bela baiana Izete chamou o filho e disse: “Pode aprender a tocar meu filho, só que você não vai tocar o mesmo instrumento de seu pai. Você tem que tocar instrumentos de macho.Você vai ter que ser pistonista! E você vai ter que ser um músico assim: vai beber, vai fumar”, conta ele acrescentando que na lista também deveria ter que ser mulherengo, mas em contrapartida ser sempre um profissional honesto. André foi ser trompetista como queria a mãe Izete, mas revela rindo que nunca teve vícios, mas que sempre foi honesto. Ele se recorda que a primeira vez em que pegou num trompete foi na sala de aula. “Lembro que o ‘Repórter Esso’ estava noticiando a morte do presidente Kennedy dos EUA, que havia sido baleado em Dallas. Esse fato me marcou”. Assim o menino ia seguindo com seu aprendizado. Tocou seu primeiro baile na orquestra do seu pai. Tinha 14 anos. Depois desse baile André nunca mais parou. Tocou em conjuntos de ‘iêiêiê’, fez parte de grupos como os ‘Os Inseparavéis’ e ‘Transasom’. O retorno A despeito de sua timidez, André sempre gostou de fazer várias imitações como Mazzaropi, Jerry Lews, Cantiflas e Oscarito, entres outros. A princípio, para os colegas na sala de aula. A razão dessa veia cômica surgiu do desejo que o músico sempre acalentou, que era o de ser palhaço de circo. “Ser palhaço de circo para mim seria tudo”, diz emocionado, acrescentando que em Vencesalu, quando tinha entre 7 e 8 anos, por incrível que possa parecer, era ele que passava os filmes no cinema da cidade, o Bandeirantes. Mas não foi logo ocupando o posto, antes ajudava a faxinar o cinema. Só depois é que o colocaram para passar os filmes que encantavam o menino. Do alto do caixãozinho que colocavam para que subisse, foi ‘apresentado’ aos grandes personagens que passaram a fazer parte de sua minha vida como o trompetista Louis Armistrong. O menino via os artistas no cinema e depois fazia as imitações com perfeição. Mas a efervescência que agitava dentro do menino, que um dia sonhou em ser palhaço de circo, o levou até o Rio de janeiro em 1969, onde tinha alguns familiares. Lá foi apresentado ao diretor do ‘Balança Mais não Cai’, Lúcio Mauro (Globo), que o colocou para fazer várias participações no programa. Participar do programa foi a realização de um sonho, pois ali André conheceu vários artistas que admirava na infância, como o Zé Trindade, Wilza Carla, Ankito, Mazzaropi, entre outros. Assim, André foi ficando no Rio no Rio de Janeiro, tocando e se apresentando no famoso programa e também chegando a trabalhar no teatro de revista de Carlos Pinto. Gostava muito de futebol. Corinthiano roxo, ia muito no Maracanã. “Vi a estréia do goleiro Ado no Maracanã. Ganhamos do Botafogo 2x 0. André morava com familiares, parentes do conhecido Helder Câmara, mas depois foi morar sozinho. Também começou a tocar em vários ‘inferninhos’ da Praça Mauá. “Depois de algum tempo comecei a se sentir ‘perdido’, pois o Rio tinha muita coisa.” Para o bem e para o mal. Mas como nunca foi de beber, nem de fumar e muito menos de frequentar boteco, tocava e ia pra casa. Até que bateu uma violenta saudade da família. Voltou para Venceslau, e ali se casou pela primeira vez. André poderia ter feito uma longa carreira artística, principalmente na Rede Globo, mas segundo ele, na época faltou alguém que o empresariasse, que o orientasse. Em suas andanças, por assim dizer, André fez ponta na novela ‘A Cabana do pai Tomás’, ‘Rosa Rebelde’, ‘Véu de Noiva’, que foi estréia da Regina Duarte na Rede Globo, além de inúmeras imitações no teatro e na televisão. André também tocou no aniversário de três anos da Rede Globo No teatro, chegou a ganhar um prêmio com a peça inglesa ‘Leôncio e Lena’. A experiência adquirida no Rio, André levou para o teatro em Venceslau, onde acabou escrevendo e apresentando várias esquetes cômicas. Lá também crio o PETEVA, Pequeno Teatro de Vanguarda. Nasce o André do Piston André passou por inúmeros conjuntos em diversas cidades, estados e países como o ‘Som Brasil’, Musical Seda. A última banda em que André participou em Venceslau foi a Musical Raiz. Dessa ‘ingressou’ para a Marajoara. E na Orquestra Marajoara, o músico mais uma vez teve a oportunidade de trabalhar com vários artistas como Agnaldo Rayol. Em 1992 decidiu tocar sozinho acompanhado de um tecladista. Nessa época, o músico conta que Grecco, do Clube 22 de Agosto, sugeriu que formasse um dupla. “Ele me disse: vou te dar um nome, vou colocar André do Piston. Então, foi o Grecco que me deu o nome, pois eu tocando no Marajoara fazia muito free lancer com o Zezinho Cipó no conjunto Céu da Boca. Assim quando sai da orquestra formei a dupla ‘André e Fofão’ que durou três anos. Posteriormente, formei a dupla com o Luiz Pavan, que já dura quinze anos.”

Confusões e muitas emoções


André é ‘vitima’ constante de pessoas que o confundem com artistas. Certa vez, ao entrar numa padaria em Araraquara, bem no momento da apuração das escolas de samba do Rio de Janeiro, uma senhora o confundiu com o carnavalesco Joãozinho Trinta. “Ela se virou pra mim e disse: senhor Joãozinho que o senhor está fazendo aqui? O senhor não está na televisão?”. Ele conta que quando trabalhava na Globo tinha um personagem, um bonequinho, o Topo Gigio, que contracenava com o humorista Agildo Ribeiro. “Sempre confundiam com o Agildo. Me abordavam para saber onde estava o tal boneco.” Até autógrafo como Reginaldo Rossi, André já deu, mas uma das mais interessantes foi ser durante a Copa de 86 quando numa fila no aeroporto México foi confundido de forma efusiva, com o cantor João Nogueira. Deu até autógrafo! “Sempre me diverti muito com essas confusões.” Mas a vida do músico também tem incontáveis emoções como a que sentiu quando um rapaz depois de ouvi-lo confessou que daria tudo para que ele fosse seu avô. Um avô que toca divinamente e brinca. Também foi marcada pela emoção o convite para tocar My Way com os Dragões da Independência num evento cívico no antigo estádio municipal. “Lembro que fui anunciado pelo Kiko Salvador: com vocês o Ray Coniff de Araraquara. Fui. Sem ensaio fui ao centro do campo e toquei com os Dragões. Aplaudidíssimo. Depois da apresentação o maestro me disse que o representante do Ministro do Exército havia dito que se tivesse idade eles passariam em minha casa para eu pegar minhas roupas para entrar na banda sem concurso, sem nada, mas eu já tinha 50 anos. Tem um rapaz que tem essa gravação, mas não sei quem é”. André é irmão de Sônia e Olga, marido de Vivian Aline; pai de André Luiz, de seu casamento com Maria Lucia; de Ivo e Andrei de sua união com Roseli e de Diego. Diz orgulhoso que ama os três netos e conta que mais um nasce em abril. “Sou feliz no que faço”.

(Publicado em 31 de jabeiro de 2010)

Um comentário:

  1. E Aí André! Grande André!
    Um dos mais importantes músicos que tive a honra e o prazer de tocar junto.
    Sou eu, o seu Amigo Mario Sergio (Chicão Trombonista) apelido carinhoso que me deram quando tocávamos juntos a muitos anos,Segundo amigos diziam "A melhor e mais entrosada dupla de instrumento de sopro que já havia passado pela Orquestra Marajoara" de Catanduva, Juntamente com outros músicos muito bons que era Gilmar Santana (cantor)de Novo Horizonte, Beth Cantora Lindíssima de Ribeirão Preto, Marquinhos no baixo de Catanduva, Carretel na bateria também de Catanduva, Fofão nos teclados que também anteriormente tacava Contra-baixo de Novo Horizonte, Jaboti na guitarra de Ibirá, André muito bom Postonista de Araraquara e Mario Sergio (Chicão)Trombonista de Novo Horizonte.
    Nove excelentes músicos que parecia muito mais por isso nos chamávamos de Orquestra Marajoara, tocávamos seleções de musicas que fizeram história por muito tempo.
    Essa é apenas um capitula da grande história que esse personagem (Andre do Pistão) tem ná sua longa carreira de musico e "alegrista" de reuniões que gosta de musica. Um Abrtaço Véio!!!.

    Mario Sergio (trombonista)
    12 de julho de 2011

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