Foto-João Ferraz
Eulália Schiavon
As meninas batizadas com o nome de Eulália demonstram uma forte personalidade. Se depender de Eulália Schiavon, isso é fato. Seu nome significa “bem falante”. Ela faz jus. Aos 83 anos muito bem vividos, conta que mora na mesma casa onde nasceu, na Avenida José Bonifácio. É filha de duas raças danadas, como ela diz: italiana, por parte do pai, Antônio Schiavon, e espanhola do lado mãe, Josepha Rodrigues. Ele de Treviso e ela de Benbible. “Mas sempre se deram bem”. Foi no esporte, como professora de Educação Física formada em 1945 pelo Curso Superior de Educação Física – Escola de Educação Física e Desportes de São Paulo (atual USP) que se encontrou, que fez amigos para a vida toda. “Para bem viver, nada melhor que uma boa atividade física que a educação física e os esportes proporcionam”, ensina ela que foi campeã de atletismo e arremesso de disco. Na época em que estudava em São Paulo, jogou basquete pelo São Paulo, vôlei, além de várias disputas no atletismo nas provas no Tietê. Modesta, não se dá conta de ajudou a escrever um capítulo na história do esporte em Araraquara. Possui inúmeros diplomas e certificações. A grande maioria ligada à área esportiva, como técnicas de bola ao cesto e natação. Sua grande alegria foi ver a evolução do esporte, principalmente no interior, que hoje é um celeiro de grandes craques. Assim, como professora de educação física, Eulália atuou durante 33 anos. Passou praticamente por quase todos os colégios da cidade, como Duque de Caxias, São Bento, Industrial, Ginásio da Vila, Progresso e, em Matão, durante 16 anos. Para os que estão se iniciando na carreira ela lança mão de uma citação do livro de Michel Quoist: “Depois de ter andado bastante, olhe para trás. Olhe o caminho percorrido e você compreenderá porque Deus tinha especialmente reservado para você essa estrada, então, sem reserva nenhuma poderá dizer- lhe ‘obrigada, Senhor!’.
O Departamento
Eulália conta que na década de 50, os ginásios não tinham quadra, assim se juntavam para fazer educação física no Departamento Municipal de Educação Física (hoje Escola Industrial). “Dessa junção foi que nasceu a Festa da Ginástica. Eulália e Julio Mazzei iniciaram a festa modestamente. Era o ano de 1951. “Desde o início propusemos a apresentar não só o fruto do nosso trabalho diário,como também o que havia de melhor no país. Senti de não fazer a 10ª edição. Tínhamos que contar com colaboração, mas não houve interesse de outros professores que achavam a festa muito trabalhosa.” Com a decisão de não se realizar a Festa da Ginástica, partimos para um festival de danças típicas de várias nações. Eu tinha feito alguns cursos internacionais sobre folclore de outros países e aproveitei aquele material para organizar o festival. Junto com as professoras Darci Brunetti e a Célia Janotti.” Revolução Nessa quadra do Departamento passaram grandes atletas como Armando Garlipp, Duque, Dario Gonçalves, Fernando de Oliveira Rocha, Edmilson Laurini, Ari Vargas, entre outros jogadores de basquete que se tornaram famosos como Tales Monteiro, Rosa Branca e Paulo Carvalho, que chegaram à Seleção Paulista e à Seleção Brasileira, disputando as Olimpíadas. Quanto à Educação Física, Eulália conta que foi um período revolucionário, pois, naquela época, o método oficialmente adotado no Brasil era o francês, porém este apresentou muitas falhas, tanto que os soldados franceses na Segunda Guerra Mundial provaram que o preparo físico nos combates deixou muito a desejar. Assim a França inovou e o Brasil também. O Estado de São Paulo foi o pioneiro, lançando os ‘Cursos Internacionais de Aperfeiçoamento Técnico e Pedagógico de Educação Física’, deles participando professores de todo Brasil. Recebemos os melhores mestres internacionais, vindos da França, Suécia, Áustria, Estados Unidos, Argentina. “Desse período em diante a educação física deu uma guinada de 180º graus.”
Jogos de Inverno
Eulália fala dos famosos Jogos de Inverno. “Eram disputados basquete e handball, onde fomos os pioneiros dessa modalidade na cidade. Quanto aos Jogos da Primavera, foram iniciados em 1962. “No 25º Jogos conseguimos o recorde de participantes- 4 mil atletas, numa só modalidade, o voleibol- quatro mil inscritos. “ Em 91 foi comemorado o Jubileu de Prata. Não se disputava apenas na cidade, mas abrangia toda região. Após a aposentadoria do prof. Horácio, os Jogos ficaram sob o comando do prof. Urias Braga Costa, que passou por várias fases: de jogador a técnico e a organizador. Sucedeu Urias, o prof. Fábio Tadeu Reina. Atualmente a Fundesport responde pela realização dos Jogos. Eulália participou como assistente na Olimpíada do México( 68); Munique(72); Montreal (76); Moscou (80). Ao longo de sua trajetória recebeu vários prêmios e homenagens, a última, em 2007, quando recebeu o título de honra ao mérito de autoria do vereador Elias Chediek. Quanto aos amores ela, que é solteira, fala seriamente que amou a bola. “Não tenho vocação para casamento, mas a família é a base sólida de nossas realizações”.
(Publicado em 14 de stembro de 2009)
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