sexta-feira, 28 de janeiro de 2011



Genê Catanozi: um homem de qualidade!

Se pudéssemos ter uma visão do que vai no íntimo de cada pessoa, quando encontrássemos Genê Catanozi veríamos que dentro dele abunda uma coisa que está se tornando cada vez mais rara nos dias de hoje: humanidade. É um homem que carrega em sua genética a força da solidariedade e um coração genuinamente bom, não só no sentido de saudável, mas valoroso. Um coração de leão!
Genê é filho dos saudosos Abílio Catanozi e Aparecida Martim Catanozi, ambos nascidos em Descalvado, e irmão de Orlando, Neide e Zuleide. É casado com Maria da Penha Longo Mortatti, a Penha, parceira de todas as horas.
O menino nascido em São Paulo no dia 14 de novembro de 1956 cresceu no bairro da Mooca onde, por conta da grande quantidade de cavalos, pegou uma engraçada doença, o mijacão (bolhas formadas debaixo dos pés por conta do contato da urina do cavalo sobre a pele).
Na escola, o sobrenome Catanozi rendeu muitas brincadeiras e zoação, pois era chamado de ‘Catavelã’, ‘Cataminhoca’ e tantas outras versões, mas nunca dramatizou e até achava graça.
Quando menino Genê passou por um grande percalço, pois aos sete anos perdeu a visão, o que exigiu muita peregrinação de sua mãe até o Hospital das Clínicas para tentar reverter a situação.
Ele se lembra, não sem dor, que já sentia a rejeição de seu pai por vê-lo cego. Mas nesse pouco mais de um ano em que perdeu a visão, Genê conta que desenvolveu muito a audição. E essa deficiência, mesmo que temporária, lhe deu uma outra percepção do mundo, o fazendo experimentar sensações restritas aos deficientes. “Engraçado que nesse tempo achei que fiquei melhor do que quando enxergava, até que aos poucos fui recuperando a visão. Embora meu pai não aceitasse, eu aceitava e passei esse tempo de maneira tranquila, sem rebeldias”.
Mas ele também sabe que foi naquele momento de aflição, não de sua parte, o que é se tornar um sobrevivente. Carrega essa lição na bagagem e quando se depara com alguém que precisa de ajuda não se faz de rogado.
Genê Catanozi é graduado em Administração pela universidade São Judas Tadeu, pós-graduado em Gestão de Qualidade e inovação de Produtos pela Faculdade Mackenzie e mestre em Administração pela UNIFACEF.
Possui grande experiência na implantação do PQG, Programa de Qualidade Geral. É professor e palestrante na área de Gestão da Qualidade e de Pessoas.

Negócio de família

Genê se lembra com saudade da horta cultivada pelos avós italianos, Antonio Martim e Adalgisa, principalmente do avô que tinha idéias anarquistas e achava que tinha que trabalhar, mas também dividir a terra com todo mundo que havia vindo com ele lá da Itália, mas que ao chegar ao fim da vida teve que ser sustentado pelo filho, pois já havia distribuído tudo o que tinha. “Tudo que produziam era doado para as pessoas que por lá apareciam pedindo”.
Também se lembra de sua mãe, que também possuía o mesmo espírito desapegado de seus pais. Tanto que depois que perdeu uma das pernas não podia ver nas ruas pessoas que havia perdido um braço ou uma perna que queria ajudá-las a colocar um braço ou perna mecânica. “Depois que meus pais morreram é que a gente veio a saber de tantas pessoas que eles haviam ajudado”.
Os negócios da família de Genê eram voltados para rede de postos da BR Petrobras e foi por esse motivo que em 1990 ele veio para Araraquara, ou seja, para a implantação e administração de um novo posto, o Petro Sol. Genê lançou na cidade o Papai Noel Azul. “Surgiu quando a Petrobras estava lançando a gasolina azul e souberam da aplicação da gestão da qualidade em Araraquara e foi pela cidade que iniciaram o projeto. Fizemos reuniões com os funcionários do posto e acabou surgindo a idéia do lançamento da gasolina azul através de um papai Noel vestido de azul”, conta ele.
A repercussão foi muito grande a ponto de Genê ser convidado para muitas palestras. “Na época, as pessoas, por conta dessa loucura toda, me olhavam diferente, pois não entendiam essa coisa da criatividade. Naa época a Dona Cecília, então diretora do jornal O Imparcial, me apoiava muito e me incentivava a ir em frente me dizendo que eu estava quebrando paradigmas. Tenho uma gratidão imensa por ela. Foi no jornal O Imparcial que também recebi incentivo para escrever. Com isso fui colaborador de vários outros jornais”.
O projeto Papai Noel teve bons frutos como o livro escrito por Genê intitulado “PQG-Programa de Qualidade Geral”. A obra, lançada em 2006, explica que o PQG é voltado para o talento humano, oferecendo subsídios para treinamento, melhoria do atendimento e do clima organizacional tanto na área pública quanto na privada, propiciando a busca da excelência e certificação ISO.
O livro foi amplamente divulgado nas faculdades a ponto de Genê ser convidado para participar de programas e ministrar aulas em várias faculdades como a de Monte Alto, a Faculdade de Administração e Negócios e PUC de Campinas.
Genê também credita ao livro o convite para assumir a pasta da secretaria de Meio Ambiente no governo de Marcelo Barbieri.
Ali na secretaria ele também anda de mãos dadas com o bem, pois entende que o meio ambiente não diz respeito somente a área verde, a mananciais, mas principalmente ao ser humano que está inserido no contexto de determinada situação. Tanto que a injustiça o faz sair de cima do muro. “Não consigo aceitar a pessoas massacrarem outras por qualquer motivo. Acredito que sempre tem que haver um diálogo antes para saber o que está acontecendo, além disso, as pessoas merecem afetividade e não porrada de uma forma geral. Os valores estão mudados, meu pai sempre dizia que nem tudo o que reluz é ouro, por isso devemos ficar esperto com que o que chega em nossas mãos, pois nem sempre é o que parece ser”.

Lélia Abramo

Quando se casou com Penha, Catanozi desconhecia que a grande artista Lélia Abramo, falecida em 2004,era tia de sua esposa. “O que eu mais gostava, quando eu ia para São Paulo ou ela vinha para Araraquara, era de passar de 4 a 6 horas ouvindo ela falar sobre filosofia”.
Quando Genê precisava ficar na casa da artista por conta de algum curso que estivesse fazendo, não era surpresa para ele Lélia ir em busca de ajuda para alguma criança carente, pois havia ouvido no rádio que a mesma estava precisando de vaga num hospital e não conseguia. “Ela me dizia: Genê me leva em tal lugar. Então, aprendi muito isso de correr atrás e ver que ela se preocupava com as pessoas mais humildes. Essa preocupação existente na Lélia era uma coisa que me chamava muito a atenção e isso era uma coisa que ela não fazia questão de divulgar. Fazia e pronto. Como ela era uma militante política eu não entrava nessa militância e ficava fora, mas dessas histórias de humanidade, das que ela contava em relação a Segunda Guerra Mundial, quando ela estava na Itália e teve oportunidade de salvar cerca de 300 crianças de um bombardeio e das vezes em que ela fornecia ou dividia seu pão e azeitonas com as crianças e não eram raras as vezes que ficava sem comer. Isso me mostrava que não dá para a gente se desvencilhar desse lado humanístico e esse equilíbrio ela me passava”.

 (Publicado em 23 de agosto de 2010)

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