GALO: “eu vim para quebrar paradigmas”
O presidente do Partido Verde diz que espera ajudar a construir uma sociedade justa, igualitária e sustentável, pois política para ele é um instrumento de transformação
FOTO: JOSÉ A C SILVA
Quando Fernando César Câmara (Galo) nasceu, a Tamoio era considerada uma das maiores usinas do país. Seu pai era um dos trabalhadores do lugar. A vida era simples, mas tranquila, pois não faltava nada. Os estudos, inclusive, o ginásio foi todo feito na escola estadual ‘Professora Gianina Morganti’. A família veio morar em Araraquara quando o pai de Galo, Ezio, se aposentou. Era janeiro de 1981. “Naquela época a usina já começava a passar por dificuldades, mas os funcionários tinham toda uma estrutura de casa, água, luz e aluguel, porém quando se aposentavam tinham que buscar outros lugares para viver. Com isso, dois anos antes de meu pai se aposentar, compramos um terreno no Jardim Silvania, construímos nossa casinha, e quando meu pai se aposentou nos mudamos”. Galo conta que essa mudança foi muito importante para ele. “Nesse período eu já tinha feito desenho técnico mecânico no Senai e minha intenção era trabalhar na área metalúrgica, que era o ‘boom’ do momento, mas coincidiu de eu ir trabalhar no Posto Caravan, por cujos donos tenho grande gratidão, e depois de dois anos ingressei na metalúrgica, na FMC”. Na FMC o desejo e a curiosidade pela política cresceram, pois o embrião já tinha surgido quando ainda morava na usina por conta do momento que a mesma vivia. “Apesar de adolescente, 16 para 17 anos, algumas leituras que a gente fazia, pois era o momento de transição da ditadura para a democracia, juntamente com alguns colegas achava que era o momento de fazer alguma coisa”. Ao contrário do que muita gente pensa, Galo diz que a Usina Tamoio era um berço de cultura. “Tínhamos muito acesso à informação. Não éramos alienados. Tanto que na época dos Morganti, que os trabalhadores ficavam um ano sem pagamento, tinha o armazém da usina cuja mensagem era para os funcionários não se preocuparem, pois apesar de não terem pagamento podiam pegar o arroz, o facão para cortar cana. Alguns consideravam com esse ato o patrão bonzinho, para a nossa geração aquilo era visto com outros olhos, não era certo”. Porém, em 1982, Galo conheceu o metalúrgico Aparecido Santana, morador da Vila Xavier, que foi candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Ajudei na campanha dele e esse foi o momento que entrei definitivamente para a política. Depois de alguns anos me filiei ao PT. Não parei mais”. Em 1989 participou da campanha do Lula. “Em termos de política foi a coisa mais bonita que participei na minha vida. O envolvimento da juventude, aquela esperança de realmente fortalecer a democracia, aquela coisa que foi quase uma luta de classes entre Collor e Lula. Aquele foi um momento muito bonito e importante da história em que eu pude participar aqui em Araraquara e região”. A partir daí Galo começou sua militância dentro do PT, o que fez com que tivesse uma grande proximidade com os trabalhadores rurais. Tanto que em 1996 foi lançado vereador por seus companheiros da Feraesp, como o Elio Neves. “Foi o primeiro momento em que puderam colocar a questão da reforma agrária na pauta das eleições de 1996. Não foi fácil, a gente sofria preconceito. Em 96, um cara que veio da Usina Tamoio ser candidato a vereador em Araraquara pelo PT e falando de reforma agrária? Imagine o que é isso? Mas foi muito gratificante. Aprendi que, às vezes, a gente ganha, sem ganhar, e naquele momento eu fui um vitorioso.”
Moto taxistas
Galo ficou no PT até 1997, quando mudou de partido. Foi para o Partido Verde (PV). “Fui procurar outros caminhos, como as questões ambientais, apesar de eu ser corintiano”, brinca ele, acrescentando que aderiu também por ser um projeto novo na cidade. “Tinha o Professor Francis à época batalhando praticamente sozinho e era uma maneira também que eu entendi, sem perder minhas raízes, de poder estar discutindo com um pouco mais de liberdade.” Nesse mesmo período, Galo ficou desempregado e estava sendo iniciado o serviço de moto táxi na cidade. “Não quero desrespeitar nenhum governo anterior, acho que todos os que passaram têm importância, têm erros e acertos, mas naquela época foi um erro da administração, pois legalizando o sistema de moto táxi estaria gerando emprego, trabalho e renda, evitando que oportunistas se aproveitassem desse serviço.Foi uma luta muito árdua travada por muitos companheiros. Lembro que tinha alguns moto taxistas que colocavam o capacete para dar entrevista, para não serem identificados e, guardada as devidas proporções, hoje fico muito triste quando vejo que fazem alusão ao motoqueiro quanto tem assalto por conta dos capacetes utilizados para camuflar a identidade. Não é bem assim, pois temos muitos trabalhadores moto taxistas, moto entregadores. Gente séria que sustenta a sua família e não é o fato de estar usando capacete ou não que o torna suspeito de um assalto. Faço esse paralelo, pois naquela época vivemos muito isso, mas foi um momento muito importante para Araraquara. Em 2000, com a vitória do prefeito Edinho, quando ele ainda era vereador na Câmara já tinha o projeto, foi legalizado e o serviço está, bem ou mal, gerando emprego e facilitando a vida de muita gente”. O que pouca gente sabe é que Galo também foi moto taxista, tendo trabalhado durante seis anos à noite. “Tentamos organizar o sindicato, a associação para poder interferir politicamente na legalização e conseguimos. Hoje temos pontos de moto táxis no município, que sem falsa modéstia é projeto nosso, pois defendíamos a cooperativa e a liberdade para os moto taxistas, a exemplo dos taxistas. Temos companheiros que estão há dez anos trabalhando e sustentando suas famílias”. Galo foi suplente de vereador, sendo indicado para subprefeito em Bueno de Andrada, onde permaneceu de maio de 2005 a junho de 2006; não fez muita festa, mas algumas melhorias como a entrega da cobertura da quadra da escola do assentamento, quadra coberta na escola do distrito, reformou e abriu a creche do distrito, trocou toda iluminação da praça central da igreja, além da reforma da praça da Coxinha. Sempre focado na interação com os moradores do distrito, principalmente no que se refere a parceria do PSF – Programa de Saúde da Família. “Nesse período, o prefeito Edinho Silva me convidou para assumir na Câmara Municipal, pois tinha um projeto para levar o vereador Marques para a secretaria de Esportes. Assumi na Câmara e foi um período de aprendizado muito grande, tive momentos de grande felicidade como a oportunidade, o prazer de aprovar o projeto que cria a Semana Municipal de Meio Ambiente ‘Prêmio Tecnologia Educação Waldemar Saffiotti’. É uma pena que foi sancionado, mas não colocado em prática, pois a Semana tem como foco premiar as pessoas da cidade que se destacam nas questões ambientais”. Galo também se recorda de dois requerimentos importantes que não poderiam ser projeto de lei por conta da burocracia, mas foi num momento de situação difícil da Santa Casa. “Fiz um requerimento solicitando para a Triângulo do Sol um dia de pedágio para o hospital. Até o Dudu Lauand disse que ele que tinha tantos anos de vereança não tinha pensado num projeto assim. Infelizmente a Triângulo negou. Outro requerimento foi pedindo que a prefeitura identificasse seus terreno com placas, foi um momento legal, mas os terrenos não foram identificados”. Durante um ano e sete meses, Galo disse que teve a sorte de trabalhar com três presidentes: final do Napeloso, o saudoso Carlos Manço e Edna Martins.
O apelido Galo
O apelido de Galo, Fernando César Câmara ganhou quando mudou da Usina Tamoio para a cidade, indo trabalhar na Alameda no Posto Caravan, sendo o primeiro funcionário do estabelecimento. Os proprietários Valdemar e João tinham o apelido de Zé Galinha e como Fernando era o frentista que cuidava do lugar, os amigos do Posto Pinheirinho o chamavam de ajudante Zé Galinha. Acabou virando Galo. Galo nasceu num dia que considera importante: 20 de novembro. Dia de Zumbi. O ano era 1963. Na Usina Tamoio. Filho dos saudosos Ezio Câmara e Eunice Motta Câmara e irmão da Dulcinéia. Quanto ao estado civil, ele ri e diz que é comprometido. Galo diz que é um cara que quer muito ser feliz ao mesmo tempo em que quer proporcionar felicidade, mas ao mesmo tempo é um cara que basicamente veio para quebrar paradigmas. “Não me conformo com injustiça social e sou muito amigo das pessoas. Tanto que até hoje os tamoienses se reúnem, pois é uma comunidade muito grande. Tenho orgulho de ter nascido na usina”, diz emocionado.
Um Galo que compõe
Galo também tem uma faceta que poucos conhecem, a de compositor. Compôs, por exemplo, o samba enredo do Palmeirinhas e, apesar de ser corintiano, fez o primeiro samba enredo da Mancha Verde e foi campeão do carnaval de 2005, quando fez o samba enredo da Unidos da Morada do Sol, só para citar. O pai, o saudoso Ezio, deixou como exemplo para Galo, o amor e o respeito que tinha pela esposa Eunice e pela família. “Isso sempre pautou e vai pautar a minha vida. Era um homem que cuidava da família. Naquela época havia uma dificuldade e a gente quase não via esse negócio de refrigerante, de guaraná. Lembro que um homem lá do Quitandinha ia a cada dia 15 dias em Tamoio, aos domingos, meu pai juntava aquele dinheirinho para comprar aquele engradado de guaraná de rolha: guaraná, soda limonada e soda laranjada. O carinho com que meu pai cuidou da minha família, da gente, a honestidade, me ensinou a ser corintiano, que não quero esquecer nunca”. Galo, que hoje é presidente do Partido Verde(PV) e coordenador regional da campanha de Marina Silva, candidata à presidência da República, e da Edna Martins, candidata a deputada federal, ressalta que se considera um vencedor por sua história de vida, principalmente pela história de sua família, de gente simples. “Tenho uma irmã maravilhosa, três sobrinhos que amo de paixão e estou comprometido com uma mulher, a Edna Martins, que é exemplo de vida. Não sou perfeito, erro muito, mas espero que meus erros só prejudiquem a mim”. No período em que esteve na Câmara Municipal, Galo conta que sempre que algum órgão de imprensa publicava que aquela era a pior Câmara Municipal da história. “Eu achava um barato e gostava que publicassem isso, pois deveria incomodar mesmo algumas pessoas, pois lá havia ferroviários, moto taxista, professor, bancário… Eu sabia que incomodava em algumas coisas. Nas oportunidades que tinha eu encerrava as minhas falas com uma frase que gosto muito que é: “Viva a democracia’!”
(Publicado em 20 de junho de 2010)
O presidente do Partido Verde diz que espera ajudar a construir uma sociedade justa, igualitária e sustentável, pois política para ele é um instrumento de transformação
FOTO: JOSÉ A C SILVA
Quando Fernando César Câmara (Galo) nasceu, a Tamoio era considerada uma das maiores usinas do país. Seu pai era um dos trabalhadores do lugar. A vida era simples, mas tranquila, pois não faltava nada. Os estudos, inclusive, o ginásio foi todo feito na escola estadual ‘Professora Gianina Morganti’. A família veio morar em Araraquara quando o pai de Galo, Ezio, se aposentou. Era janeiro de 1981. “Naquela época a usina já começava a passar por dificuldades, mas os funcionários tinham toda uma estrutura de casa, água, luz e aluguel, porém quando se aposentavam tinham que buscar outros lugares para viver. Com isso, dois anos antes de meu pai se aposentar, compramos um terreno no Jardim Silvania, construímos nossa casinha, e quando meu pai se aposentou nos mudamos”. Galo conta que essa mudança foi muito importante para ele. “Nesse período eu já tinha feito desenho técnico mecânico no Senai e minha intenção era trabalhar na área metalúrgica, que era o ‘boom’ do momento, mas coincidiu de eu ir trabalhar no Posto Caravan, por cujos donos tenho grande gratidão, e depois de dois anos ingressei na metalúrgica, na FMC”. Na FMC o desejo e a curiosidade pela política cresceram, pois o embrião já tinha surgido quando ainda morava na usina por conta do momento que a mesma vivia. “Apesar de adolescente, 16 para 17 anos, algumas leituras que a gente fazia, pois era o momento de transição da ditadura para a democracia, juntamente com alguns colegas achava que era o momento de fazer alguma coisa”. Ao contrário do que muita gente pensa, Galo diz que a Usina Tamoio era um berço de cultura. “Tínhamos muito acesso à informação. Não éramos alienados. Tanto que na época dos Morganti, que os trabalhadores ficavam um ano sem pagamento, tinha o armazém da usina cuja mensagem era para os funcionários não se preocuparem, pois apesar de não terem pagamento podiam pegar o arroz, o facão para cortar cana. Alguns consideravam com esse ato o patrão bonzinho, para a nossa geração aquilo era visto com outros olhos, não era certo”. Porém, em 1982, Galo conheceu o metalúrgico Aparecido Santana, morador da Vila Xavier, que foi candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Ajudei na campanha dele e esse foi o momento que entrei definitivamente para a política. Depois de alguns anos me filiei ao PT. Não parei mais”. Em 1989 participou da campanha do Lula. “Em termos de política foi a coisa mais bonita que participei na minha vida. O envolvimento da juventude, aquela esperança de realmente fortalecer a democracia, aquela coisa que foi quase uma luta de classes entre Collor e Lula. Aquele foi um momento muito bonito e importante da história em que eu pude participar aqui em Araraquara e região”. A partir daí Galo começou sua militância dentro do PT, o que fez com que tivesse uma grande proximidade com os trabalhadores rurais. Tanto que em 1996 foi lançado vereador por seus companheiros da Feraesp, como o Elio Neves. “Foi o primeiro momento em que puderam colocar a questão da reforma agrária na pauta das eleições de 1996. Não foi fácil, a gente sofria preconceito. Em 96, um cara que veio da Usina Tamoio ser candidato a vereador em Araraquara pelo PT e falando de reforma agrária? Imagine o que é isso? Mas foi muito gratificante. Aprendi que, às vezes, a gente ganha, sem ganhar, e naquele momento eu fui um vitorioso.”
Moto taxistas
Galo ficou no PT até 1997, quando mudou de partido. Foi para o Partido Verde (PV). “Fui procurar outros caminhos, como as questões ambientais, apesar de eu ser corintiano”, brinca ele, acrescentando que aderiu também por ser um projeto novo na cidade. “Tinha o Professor Francis à época batalhando praticamente sozinho e era uma maneira também que eu entendi, sem perder minhas raízes, de poder estar discutindo com um pouco mais de liberdade.” Nesse mesmo período, Galo ficou desempregado e estava sendo iniciado o serviço de moto táxi na cidade. “Não quero desrespeitar nenhum governo anterior, acho que todos os que passaram têm importância, têm erros e acertos, mas naquela época foi um erro da administração, pois legalizando o sistema de moto táxi estaria gerando emprego, trabalho e renda, evitando que oportunistas se aproveitassem desse serviço.Foi uma luta muito árdua travada por muitos companheiros. Lembro que tinha alguns moto taxistas que colocavam o capacete para dar entrevista, para não serem identificados e, guardada as devidas proporções, hoje fico muito triste quando vejo que fazem alusão ao motoqueiro quanto tem assalto por conta dos capacetes utilizados para camuflar a identidade. Não é bem assim, pois temos muitos trabalhadores moto taxistas, moto entregadores. Gente séria que sustenta a sua família e não é o fato de estar usando capacete ou não que o torna suspeito de um assalto. Faço esse paralelo, pois naquela época vivemos muito isso, mas foi um momento muito importante para Araraquara. Em 2000, com a vitória do prefeito Edinho, quando ele ainda era vereador na Câmara já tinha o projeto, foi legalizado e o serviço está, bem ou mal, gerando emprego e facilitando a vida de muita gente”. O que pouca gente sabe é que Galo também foi moto taxista, tendo trabalhado durante seis anos à noite. “Tentamos organizar o sindicato, a associação para poder interferir politicamente na legalização e conseguimos. Hoje temos pontos de moto táxis no município, que sem falsa modéstia é projeto nosso, pois defendíamos a cooperativa e a liberdade para os moto taxistas, a exemplo dos taxistas. Temos companheiros que estão há dez anos trabalhando e sustentando suas famílias”. Galo foi suplente de vereador, sendo indicado para subprefeito em Bueno de Andrada, onde permaneceu de maio de 2005 a junho de 2006; não fez muita festa, mas algumas melhorias como a entrega da cobertura da quadra da escola do assentamento, quadra coberta na escola do distrito, reformou e abriu a creche do distrito, trocou toda iluminação da praça central da igreja, além da reforma da praça da Coxinha. Sempre focado na interação com os moradores do distrito, principalmente no que se refere a parceria do PSF – Programa de Saúde da Família. “Nesse período, o prefeito Edinho Silva me convidou para assumir na Câmara Municipal, pois tinha um projeto para levar o vereador Marques para a secretaria de Esportes. Assumi na Câmara e foi um período de aprendizado muito grande, tive momentos de grande felicidade como a oportunidade, o prazer de aprovar o projeto que cria a Semana Municipal de Meio Ambiente ‘Prêmio Tecnologia Educação Waldemar Saffiotti’. É uma pena que foi sancionado, mas não colocado em prática, pois a Semana tem como foco premiar as pessoas da cidade que se destacam nas questões ambientais”. Galo também se recorda de dois requerimentos importantes que não poderiam ser projeto de lei por conta da burocracia, mas foi num momento de situação difícil da Santa Casa. “Fiz um requerimento solicitando para a Triângulo do Sol um dia de pedágio para o hospital. Até o Dudu Lauand disse que ele que tinha tantos anos de vereança não tinha pensado num projeto assim. Infelizmente a Triângulo negou. Outro requerimento foi pedindo que a prefeitura identificasse seus terreno com placas, foi um momento legal, mas os terrenos não foram identificados”. Durante um ano e sete meses, Galo disse que teve a sorte de trabalhar com três presidentes: final do Napeloso, o saudoso Carlos Manço e Edna Martins.
O apelido Galo
O apelido de Galo, Fernando César Câmara ganhou quando mudou da Usina Tamoio para a cidade, indo trabalhar na Alameda no Posto Caravan, sendo o primeiro funcionário do estabelecimento. Os proprietários Valdemar e João tinham o apelido de Zé Galinha e como Fernando era o frentista que cuidava do lugar, os amigos do Posto Pinheirinho o chamavam de ajudante Zé Galinha. Acabou virando Galo. Galo nasceu num dia que considera importante: 20 de novembro. Dia de Zumbi. O ano era 1963. Na Usina Tamoio. Filho dos saudosos Ezio Câmara e Eunice Motta Câmara e irmão da Dulcinéia. Quanto ao estado civil, ele ri e diz que é comprometido. Galo diz que é um cara que quer muito ser feliz ao mesmo tempo em que quer proporcionar felicidade, mas ao mesmo tempo é um cara que basicamente veio para quebrar paradigmas. “Não me conformo com injustiça social e sou muito amigo das pessoas. Tanto que até hoje os tamoienses se reúnem, pois é uma comunidade muito grande. Tenho orgulho de ter nascido na usina”, diz emocionado.
Um Galo que compõe
Galo também tem uma faceta que poucos conhecem, a de compositor. Compôs, por exemplo, o samba enredo do Palmeirinhas e, apesar de ser corintiano, fez o primeiro samba enredo da Mancha Verde e foi campeão do carnaval de 2005, quando fez o samba enredo da Unidos da Morada do Sol, só para citar. O pai, o saudoso Ezio, deixou como exemplo para Galo, o amor e o respeito que tinha pela esposa Eunice e pela família. “Isso sempre pautou e vai pautar a minha vida. Era um homem que cuidava da família. Naquela época havia uma dificuldade e a gente quase não via esse negócio de refrigerante, de guaraná. Lembro que um homem lá do Quitandinha ia a cada dia 15 dias em Tamoio, aos domingos, meu pai juntava aquele dinheirinho para comprar aquele engradado de guaraná de rolha: guaraná, soda limonada e soda laranjada. O carinho com que meu pai cuidou da minha família, da gente, a honestidade, me ensinou a ser corintiano, que não quero esquecer nunca”. Galo, que hoje é presidente do Partido Verde(PV) e coordenador regional da campanha de Marina Silva, candidata à presidência da República, e da Edna Martins, candidata a deputada federal, ressalta que se considera um vencedor por sua história de vida, principalmente pela história de sua família, de gente simples. “Tenho uma irmã maravilhosa, três sobrinhos que amo de paixão e estou comprometido com uma mulher, a Edna Martins, que é exemplo de vida. Não sou perfeito, erro muito, mas espero que meus erros só prejudiquem a mim”. No período em que esteve na Câmara Municipal, Galo conta que sempre que algum órgão de imprensa publicava que aquela era a pior Câmara Municipal da história. “Eu achava um barato e gostava que publicassem isso, pois deveria incomodar mesmo algumas pessoas, pois lá havia ferroviários, moto taxista, professor, bancário… Eu sabia que incomodava em algumas coisas. Nas oportunidades que tinha eu encerrava as minhas falas com uma frase que gosto muito que é: “Viva a democracia’!”
(Publicado em 20 de junho de 2010)
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