Ziza: “a minha vida é um constante aprendizado”
O seu ar de garoto ‘malemolente’ não denuncia os 54 anos do araraquarense José Carlos Anselmo da Costa, mais conhecido como Ziza
O seu ar de garoto ‘malemolente’ não denuncia os 54 anos do araraquarense José Carlos Anselmo da Costa, mais conhecido como Ziza
Ele conta que nasceu no dia 18 de julho de 1956, na Vila Ferroviária, mas quando contava quatro anos, a família se mudou para a Rua Cândido Portinari, paralela à Alameda Paulista. Ganhou o apelido de Ziza ainda criança, pois jogava muito futebol na rua de sua casa que na época ainda não tinha asfalto. “Eu tinha uns oito anos e o apelido ficou.Tinha um jogador de futebol do Botafogo do Rio cujo apelido era Zizinho e passaram a me chamar de Ziza, pois achavam que eu me parecia com ele além disso tinha também um jogador no Guarani de apelido Ziza, o que reforçou o apelido”.
Para ele a época de infância foi boa, apesar de ter perdido o pai quando tinha quatro anos.Era um tempo de inocência onde só havia o brincar. A Alameda era praticamente despovoada nos anos 60 para 70 e ele viu todo o crescimento daquela região. Sua saudosa mãe, Zulmira, criou ele, o irmão João Carlos praticamente sozinha.
Ele lembra com alegria que estudou no Dorival Alves,onde as classes eram feitas de madeiras. “Parei no ginásio, pois naquela época eu não tinha sonhos, pois fui por um lado que não me deixava opção de escolha. Minha vida foi um grande aprendizado”.
Uma de suas paixões sempre foi a música. “Quem me fascinava e me fascina até hoje era James Brown, pois ele foi o pai, uma força fundamental na música.Foi um privilégio nascer numa época em que a música, tanto a nacional quanto a internacional, era praticamente tudo” diz acrescentando que os anos 70 foi uma década privilegiado. “A gente ouvia nas rádios, Beatles,Johnny Rivers, Pink Floyd, Nazaré, Barry White,Marvin Gaye”. Ele conta que diferente de hoje, antes não se ouvia durante 24 horas a mesma música. “Era uma infinidade de coisas para se ouvir e para você ter. Quando a gente ia às quartas-feiras na Academia, antes, eu e meus amigos nos reuníamos na Santa Cruz, onde acontecia a novena. Quando acabava a gente descia ‘tudo bonitinho’ para a Academia A do Samba. Ali a gente tirava uma ‘onda’, depois cada um ia para sua casa”.
Aliás foi nessa época que conheceu o Costa, promotor do Baile do Carmo. ” Me lembro também de um barzinho do lado do ‘Chicão’ chamado Bar Love. Ali também era um outro point onde a rapaziada se encontrava para ir para a ‘Academia’ ou ir para as chamadas brincadeiras dançantes. O interessante é que as pessoas abriam suas casas para jovens de praticamente todos os bairros da cidade, todo mundo se divertia e ninguém mexia em praticamente nada. Lembro que tinha festa na casa do Jaime, no Paulinho que morava na Sete e hoje trabalha na Ambev. Era algo estritamente familiar”.
A música também tem uma importância muito grande em sua vida, pois foi através dela que conheceu aos 16 anos, a esposa Fátima com quem tem três filhos: Flávia Domenica casada com Edval Motta , Vinicius José casado com a Cristiane Bonfim e Isabela Luiza que mora em Cabo Verde, na África e é casada com Adilson Monteiro. “Tenho três netos, o Caio Motta, Vinicius Bonfim e a Olívia.
Ziza diz que tem uma família muito boa e que está casado há 38 anos. “Minha esposa é o verdadeiro esteio da casa. Hoje, apesar de todos os percalços que passei ela sempre esteve do meu lado e a cada conquista que faço eu devo a minha família”.
Programa de rádio
Ele conta que nunca imaginou que a música que para ele é uma paixão fosse fazer com que desse um ‘salto’. “Hoje me deparo com essa situação e gosto muito, mas teve uma época em que me assustava”, diz se referindo ao fato de ser um dos apresentadores de um programa de rádio.
Mas o começo foi na Rádio Uniara através do programa ‘Soul Negro’ apresentado na época pelo Tadeu. Foi em 2001.”Pedi para o Tadeu se eu teria chance de tocar algumas músicas ‘black’.Ele aceitou. Assim, de imediato, a primeira vez que me deparei num estúdio e dei de cara com o microfone achei interessante. Fiquei lá durante três anos até o desaparecimento do programa que acabou por falta de espaço na grade de programação”. Depois de algum tempo surgiu a idéia de levar um demonstrativo de um novo programa para Vagner Luiz , da Brasil FM. “Na época eu trabalhava com o Kiga e o primeiro formato do programa era denominado ‘ Black Total’, comigo tocando flashback, o Vinicius, soul,rythm blues e o Kiga, o rap”.
O programa durou um ano com esse formato até que surgiu o ‘Mistura Fina’ onde toco as minhas músicas, com um novo formato. “Acontece aos sábados, ao vivo, e é baseado em música negra e é formado por Mauricio Moises, Iago Tavares, Vinicius José e eu”.
Pintor letrista
Ziza é pintor letrista e ele conta que a profissão surgiu em sua vida para sanar uma necessidade, pois a esposa estava grávida do terceiro filho. “Eu aprendi o serviço e no começo fazia o trabalho bruto ajudando o Marrom e o Jaiminho a pintar as placas de publicidade na Ferroviária. Até que o Jaiminho me deu um empurrão e disse que era hora de ele parar de dar leite para os meus filhos, pois todo dia tinha que levar alguma coisa para casa por conta da criançada. Foi ai que fui tomando gosto aliado à necessidade de cuidar da minha família. Ai virou profissão, de onde eu tiro meu sustento e lá se vão 25 anos. A gente conservou uma clientela muito boa”.
(Publicado em 20 de setembro de 2010)
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